sexta-feira, outubro 17, 2008

[fluxo de (in)consciência numa noite de verão]

cara, me falaram hoje de fernanda porto e eu fiquei com uma vontade insuportável de ouvir.

esses dias tava me dando um embrulho no estomago e sei lá, eu nem sabia o que era, eu achei que era o calor, porque tava insuportável, mas um insuportável delicioso, um calor que atiça a libido, que meio que me faz andar de saia e sentar de perna aberta, andar descalça e sem sutiã. aí hoje eu fui tomar uma cerveja, eu fui tomar um café, eu me deixei levar, porque não sei, porque não? e eu que achava que era uma pessoa livre e sem bloqueios, e eu que sempre pensei "não, não quero me deixar bloquear", me dei conta que talvez tenha criado tantos bloqueios e cascas que eles mesmo me enganam e me fazem pensar que não, de tão elaborados e escondidos. eu não consigo mais olhar nos olhos das pessoas. e as vezes é tão gostoso, porque eu esqueço que as vezes os olhares delas não fazem mal, pelo contrário, são olhares simples, sorridentes. mas eu me tornei uma pessoa cada vez mais difícil, mais anti-social, mais na defensiva, daquele tipo consciente demais das coisas. porra, há exatamente um ano atrás eu estava fodida e mal paga, estava nessa casa enorme sozinha, sem um móvel, sem um colchão pra dormir, sem sequer um telefone pra eu ligar pra minha mãe e chorar, chorar chorar porque eu não sabia mais o que fazer com aquela dor, com aquilo tudo que tinha ficado pra mim, aquilo que eu nem sabia direito o que era e muito menos sabia lidar, era eu mesma perdida e indefinida, finalmente indefinida, indagando, e agora? e você? o que é você, o que foi você, que nem você mesma sabe mais. aí passou, demorou, levou tempo, terapia, remédio, e eu voltei a saber quem eu era, mas aí parece que agora eu tenho medo, porque um dia eu fui frágil, porque um dia eu cai, cai de um jeito que eu nunca tinha caido, e não quero mais nunca mais. e pro meu inconsciente, não interessa que eu me cuidei, que eu aprendi, só interessa que eu não quero mais dar meu coração pra ninguém, porque ele é frágil, eu ainda sou muito frágil, apesar de sempre ter querido demonstrar o contrário, que eu era uma pessoa super forte, não, eu sou tão frágil que não deixo mais ninguém entrar no meu mundo porque eu tenho medo. tenho medo das pessoas, tenho medo de muita coisa, porque meu insconciente sabe que ele não sabe lidar. talvez seja mentira, talvez agora eu saiba lidar, mas aí tem o medo né. eu ODEIO dizer, mas tenho um bloqueio. e aí as pessoas tem que cavar um caminho para chegar até mim, pq eu não tenho paciencia com nada nem ninguem, eu quero ficar sozinha, sozinha sozinha sozinha porque tempo é muito valioso para se gastar com os outros, pq eu quero cuidar de mim mesma, pq eu não quero cair de novo, e meu inconsciente nao sabe que talvez eu nao caia de novo pq agora eu sou outra, meu inconsciente tem 15 anos de idade, e é uma menininha, só uma menininha frágil, que não sabia o que fazer com tanta coisa na mão. e eu lembro que uma vez uma ex namorada me disse que eu era sensivel e fragil, porra, é verdade eu sou sensivel e fragil, com uma casca grossíssima pra ver se me protege, e eu tenho que dar graças a deus que tem gente que faz questão de tentar atravessar essa casca e chegar até mim, porque senão sei lá, eu ia esquecer que eu tenho que sair e ia ficar lá pra sempre, então agora eu acho que vou deixar de ser chata e vou sair, vou sair, vou dar a cara a tapa. não quero mais ter medo de sofrer, de fazer os outros sofrerem. não quero mais a sindrome da menina má, pq eu não sou uma má pessoa, mas sempre achei que fosse. as mães nunca gostaram de mim, sei lá porque, porque eu era maloqueira, porque eu bebia demais, porque eu aprontava demais, porque eu tinha o gênio forte, porque eu era sapatão, mas e daí, e daí porra, o que vocês querem, que eu abaixe a cabeça simplesmente? vão se foder sabe, VÃO SE FODER. já tive muito problema com sogra. uma das minhas sogras foi a mais engraçada, que quando eu terminei com o filho dela ela disse pra ele "bem feito, ela é moderna demais pra vc, você é tontão". outra disse que ia internar a filha quando ficou sabendo que ela me namorava, outra disputava comigo o amor da filha. engraçado, com essa ultima sogra, eu a odiava, e ela também devia me odiar, mas nós nos odiavamos por nos vermos espelhadas uma na outra. ela era o demonio, e eu era outro, e nós brigávamos para ver quem que ia manipular a filha/namorada, era tipo uma disputa de egos fodida, antes de amor, antes de qualquer coisa. isso é uma coisa que eu não sei lidar, com o ego. não tenho opinião formada se eu tenho ego grande, ou ego frágil. porra chega que agora tá me dando sono, as vezes eu só consigo dormir depois de escrever, antes eu fico agitada. precisava cospir algumas coisas.

amanhã começa a mostra de cinema, e esse ano eu quero ver filmes.