quarta-feira, outubro 22, 2008

olha, vou dizer que eu tenho um fraco por essas noites que nem faz frio, nem faz calor. nublado. alguém uma vez me disse que era vietnã. e assim ficou, essas noites bizarras, ótimas. noites ótimas: eu sempre fecho o bar. ano passado o tempo estava revolto, bizarro. os corações não sabiam mais o que fazer. estavam atormentados. esse ano, meu coração (pelo menos o meu) está sossegado. faz quantos anos que eu não sei dizer isso.

esses dias (fazem meses - adoro essa relação temporal irracional) minha vó me deu dois quadros. dois passarinhos. toda vez que eu vou lá minha vó me dá alguma coisa. começou pelos livros. aprendi a apreciar literatura com ela, rata de sebos: o cheiro de livro velho. você sente o cheiro de livro velho? ao folhear as páginas. depois, seria simplista inumerar essas coisas, são muitas. quadros. um pirex. uma máquina de fazer suco de laranja. suas simples perguntas.

uma vez ela me deu uma estante, cheia de livros. eu morava num apê pequeno, foi pra casa da minha mãe. hoje em dia minha mãe não quer mais me devolver. bato o pé, séria: ok, fique com a estante, os livros são meus. a coleção do doistoievski, do proust, virginia woolf. a.iás, alguém está com o meu retrato de dorian gray, e o meu orlando/mrs. dalloway. oh, mrs dalloway, always throwing parties to cover the silence.