terça-feira, julho 28, 2009

[a diferença de dois quadrados]

Enquanto você é reto e geométrico, eu sou curva, sinuosa e orgânica. Eu sou gatos e estrelas, você é quadrados e linhas paralelas cuidadosamente traçadas. Eu escrevo com letra de mão, torta e trêmula, borrada pelo grafite do lápis 3B. Você faz devagar, com caneta nankin 0.3, tipos medidos e estudados, que você mesmo criou. Sou palavras, você é imagens. Mas somos ficções: histórias ou desenhos. Se é a minha cara jogar tudo pro alto e encher a cara de 5º a noite, é a sua não querer sair de casa nem no sábado. Até um dia que virou a minha cara dormir as 23h achando que já era tarde, e a sua se perder por aí, sem saber como nem aonde, quando nem porque. Já falei demais, para agora então entender seu silêncio, e eu sei que nessa falação que você anda, você entendeu o que acabou virando a minha quietude. Eu já critiquei sua frieza e individualismo, hoje me incomodo com a intromissão: meu mundo é só meu. Você finalmente quis sair da concha: o mundo lá fora é todo seu, abrace-o. Sinta agora o abandono, pra se sentir bem debaixo do seu teto, enquanto eu me fortaleço debaixo do meu teto, de tanto abandono que já me deixei estar.

De tantos opostos que éramos, achávamos que nos completaríamos.

Falhamos, claro.