domingo, abril 20, 2008

[mais mulheres: 3 na massa rola demais num domingo]

[sobre gabriel garcia marques]

ele era um romântico inveterado, pelamor de deus.

mas o que me admira nele é a porção humana que ele consegue fazer transbordar de seus personagens, um humano à la dramática contemporânea, nada de narrativa clássica pra ele. como, por exemplo, no "amor nos tempos do cólera", quando fermina volta da longa viagem que o pai impôs para separa-la de florentino ariza. ela está andando no mercado quando chega florentino, soturno, por trás, e a chama. ela hora para ele e naquele momento se dá conta que tudo foi uma ilusão, todos os telegramas apaixonados e promessas de amor eterno que trocaram quando estavam longe naquele momento não significavam mais nada (ou pareciam não signficar, o que no caso, resulta no mesmo). não que ela tenha pensado nisso há um tempo e tenha chegado a uma conclusão, foi naquele momento, que ela o viu pessoalmente depois de tanto tempo. isso tão não faz sentido quanto é verdadeiro, e só explicado pela contradição típica do ser humano.

não acho que o filme seja ruim, comparado ao livro. acho que tem livros que simplesmente não são feitos para virar filme, o que se aplica neste caso.

sobre cem anos de solidão, acho desnecessário discorrer sobre a porção humana das personagens. acho que é por isso que esse seja um dos melhores livros que eu já li.