sábado, dezembro 01, 2007

[pra ler ouvindo new order]

é a augusta de madrugada cheia de gente, é a balada, o dia, as cervejas infinitas, o conhaque vagabundo no bar da esquina. é se dar ao luxo de tomar um gim fizz, sentar e ver as pessoas indo e vindo e dançando. up down turn around, please don't let me hit the ground, people in this world, we have no place to go. please don't let me hit the ground. eu sei que você não vai deixar, que você vai me abraçar no momento certo, quando a gente sentar e pensar "we have no place to go". mesmo quando tudo estiver uma merda, ainda vou ter o seu colo pra deitar, a sua voz pra me dizer que vai ficar tudo bem, mesmo você sofrendo tanto quanto eu, mesmo a gente tão confuso e perdido sem saber o que fazer, mesmo assim a gente vai levantar e vai dançar. mesmo tão bêbado a gente vai levantar pra dançar aquela ultima música como se fosse a primeira vez.

(lucas, isso é um "obrigada pela sua companhia ontem")

sexta-feira, novembro 30, 2007

Encontraram-se no ponto de ônibus.

Era domingo de manhã bem cedo, o sol já ia alto naquele dezembro conturbado, daquele ano que parecia que nunca terminava, e que também quando terminasse, ia começar o que? Esperavam em silêncio o ônibus. Não tinha ninguém na rua, as pessoas já estavam em casa, viradas da balada, emendadas do sábado que só termina quando se dorme.

Tuca pensou em dizer alguma coisa. Pensou em frivolidades. Em comida, em sonhos. Mexia os pés, olhava os tenis velhos e sem querer se perdeu nos pensamentos, no ponto de ônibus vazio, na cabeça vazia, no coração apertado. Deitou a cabeça no ombro de Helena e fechou os olhos.

Helena estremeceu. Tinha vindo caminhando desde sua casa pensando que tinha que ser forte. Repetiu isso pra si mesma três vezes, e três vezes teve a certeza que seria, mas agora estremecia, e toda a certeza que teve que seria forte se desmanchava em saudades. Ser forte não fazia mais sentido, era só aquilo, era só um dia de sol, era só o ônibus que teimava em não
passar, era só o tempo que teimava em não curar as mágoas e atenuar as saudades das pessoas que um dia já se deram tão bem como café com leite, e já se magoaram tanto quanto o tanto amor que já havia passado por ali.

Veio o ônibus, preguiçoso pela Rebouças vazia, deslisando no asfalto que tremia sob o sol, sem pressa de chegar. Quando Tuca se levantou, Helena inconscientemente achou uma pena aquele momento acabar e já sentiu falta daquela cabeça no seu ombro.

Chegaram no parque. Ouviam ao fundo a cantora cantar, as crianças correrem, as pessoas conversarem, e sem combinar continuaram andando, andando, até as vozes de fundo desaparecerem, os cachorros sumirem, as crianças ficarem para trás e só sobrar a grama verde silênciosa, cheirando a domingo de manhã.

Helena parou e deitou. Tuca parou também deitou, oposta a Helena, só as cabeças se encostando. Tete-a-tete, rosto-a-rosto. Respirando o mesmo ar.

- Helena. E se o tempo passasse? E se a gente fechasse os olhos e anos se passassem, sem que a gente percebesse?

- ....seria ótimo.

As duas fecharam os olhos e esperaram o tempo passar, indolor, inofensivo, como deveria ser.

quinta-feira, novembro 29, 2007

as vezes acordo de manhã e penso que mesmo sendo difícil, é gostoso.

mesmo estando confusa, estou feliz
mesmo ganhando pouco, tenho tudo que quero
mesmo sendo chato trabalhar, é legal trabalhar
mesmo o tempo passando rápido, os dias escorrem lentamente
mesmo me arrependendo de muita coisa, sei ainda dá tempo de aprender

acho que isso é fim de ano. fico melancólica. mas não aquela melancolia triste, depressiva. aquela melancolia de pai sabe, que senta no banquinho no bar da própria casa, põe aquela música do Belchior "eu sou apenas um rapaz, latino americano e sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior" e fica vagarosamente sorvendo um copo de whiskie sem gelo, ficando bêbado aos poucos e pensando em todas essas coisinhas que constroem a nossa vida.

segunda-feira, novembro 26, 2007

[é a troca e a tarefa. eu dou uma história, mas tirem isso de dentro de mim]


É os dois. Doloroso e inofensivo. Quase como acordar.


Quando me deram essa resposta, eu já nem me lembrava mais qual era a pergunta. Por alguns minutos me perdi na cegueira de olhar o sol a pino do almoço que queimava kilometros de campo aberto onde eu estava deitada. Me deixei esquecer, com o sol que expirava devagar no meu corpo todo, abrindo cada poro de suor para transpirar tudo de errado que havia dentro de mim. Apertei os olhos com os punhos fechados e vi estrelas, vi cometas, vi luzes que se acendiam e apagavam. Esfreguei devagar. Raios. Abri os olhos e fiquei, até acostumar com a claridade de novo. Rolei com o corpo devagar, aproveitei e cheirei a grama, cheirei a terra, mordi um pedaço e mastiguei, senti cada grão passando e descendo por cada órgão vivo do meu corpo, até parar no coração, onde tinha uma enorme horta com todos os legumes do mundo plantados, tinha até minhoca escavando a terra fofa, dava até gosto de por a mão. Tinha cenourinhas, tomatinhos, alfacinhas. Era calor, elas precisam de água. Rolei mais um pouco, até o rio, e bebi água, deitada na beirada. Era a água mais fresca do mundo, aquele era o sol mais quente do verão, e eu resolvi entrar de corpo inteiro. Tinha peixes coloridos, tinha algas verdinhas balançando ao sabor do vento aquático que soprava gostoso, que refrescava todas as criaturas, inclusive eu. Vi anêmonas, caranguejos, vi polvos que passavam por mim e me abraçaram, me acariciavam, me beijavam a testa e me diziam: Paula, Paula, você é só uma menina, Paula. A menina dos olhos castanhos calados e dos pulsos finos. Fechei os olhos, deitei na língua da baleia e dormi.

domingo, novembro 25, 2007

a change would do us good.
as vezes eu confundo realidade e fantasia, as vezes eu me sinto dentro da tv, as vezes parece que a tv está dentro de mim roubando meus problemas e minhas idéias, e dando soluções pros meus problemas e indagações da vida real.

sou um filhote da geração televisão.