no caminho do laboratório de conservação tem o laboratório de poríferas. o corredor cheira a algum químico, que eu não sei qual é. talvez formol, por conta do laboratório de taxidermia logo mais a frente.
as vezes o lab de taxidermia está aberto, e eu passo bem rápido pra nem ter curiosidade de olhar.
mas o lab de porifera, não sei porque, mas ele meio que me fascina. eu perco um certo tempo da minha vida pensando nisso.
sempre que eu passo por ele, fico namorando essa placa. hoje eu saquei o celular muito rápido pra poder tirar essa foto, e ninguém ver. tenho vergonha que as pessoas percebam essa minha atração.
essa porta está sempre fechada. nunca vi ele por dentro. fico imaginando o que tem lá. na minha cabeça são várias prateleiras, com seres vivos em forma de cacto, mas feito de esponja (igual a de banho), meio se mexendo como se estivessem na água. cientistas e pesquisadores ficam lá, com o bisturi, dissecando as poríferas, elas gritando, escorrendo sangue poriferal no chão, enquanto eles descobrem segredos do fundo do mar.
ou também penso que pode ser um lugar com um monte de prateleiras a meia luz, com vários vidros cheios de álcool e seres humanos inteiros boiando, enquanto as poríferas de jaleco e bisturi na mão ficam dissecando cada partinha dos corpos dentro dos vidros. afinal, o laboratório é delas, elas que mandam. por isso nem tento entrar lá, tenho medo de nunca mais sair. aí quando tem visita das escolas dos porífinhos, os curadores do laboratório de porífera falam "pessoal, esse é um exemplar de ser humano da época do D. João VI, recolhido pelo rei porífero por si. ele era um grande colecionador dessa espécime".