Toque. Sinta. Sinta o calorzinho quente vindo das minhas mãos. Sinta meus pés gelados atrás dos seus. Sinta minha voz rouca atravessando esse mar de nada entre nós para dizer-lhe "amo você". Sinta o que eu sinto com esse abraço apertado, meu cheiro como seu, minha pele com a sua, sua boca com a minha. Leia nos meus olhos o que eu quero dizer, mas sou incapaz de.
(para minha namorada)
Era uma vez uma Menina. Ela não sentia nada, nunca. Por acaso ela pegava algum livro e acava lendo por inércia. Filmes também. Eles acabavam e ela nem percebia. Um dia ela ouviu uma música tão doce (parecia fazer tanto sentido todas aquelas notas, uma atrás da outra) que ela deitou ali onde estava e morreu.
No dia seguinte ela levantou e achou tudo aquilo uma mentira. Olhou para o lago abaixo da ponte onde estava e achou ele tão verdinho que pensou que fosse chorar. Não, não era uma mentira. Resolveu andar um pouco para esticar as pernas. Andou, e viu outra menina sentada na grama, encostada numa árvore.
- Foi você que tocou aquela música?
- Não. foi você?
- Não. Mas então você também ouviu?
- Não.
Sentou-se ao lado dela. pensou que se ela fosse um gatinho ela a colocaria no colo e faria carinho, como os gatinhos gostam. Mas ela não era um gatinho. Mas a Menina resolveu fazer carinho nela assim mesmo. E mesmo não sendo um gatinho, a outra menina gostou. Gostou tanto que deitou e dormiu. A Menina então deitou do lado, passando seu braço por cima dela. Achou tão gostoso que quis ficar lá para sempre.
is that all there is ? if that´s all there is my friend then let´s keep dancing...
terça-feira, fevereiro 10, 2004
domingo, fevereiro 08, 2004
[so happy together.... how is the weather?]
Obviamente menor de idade, a menina solta a fumaça do cigarro desviando o olhar para o infinito, como se a mulher da entrada do motel tivesse muito preocupada com outra coisa além do relógio que marcava a hora de ir embora. Claro que a mulher não percebeu as olheiras fundas nos olhos da menina, nem o olhar triste do menino no carro junto com ela. Nem a garrafa de pinga barata embaixo do banco do carro. Era um acordo de cavalheiros: a mulher não liga para quem entra e quem entra não liga para o trabalho relapso da mulher. Relapso? Sim. Em todos os rostos a mesma expressão de "riso-nervoso-tesão-reprimido". E isso irrita, porque se ela chegar em casa com essa expressão, o cara (sim, digo o cara porque seria muito chamar aquele homem de marido) que parasita aqueles comodos vai perguntar se o dinheiro do trabalho tá pouco por isso ela resolveu virar prostituta. Enfim, ela não reconheceu essa expressão nos meninos de olheiras fundas e olhares tristes. Não sei se passou pela sua cabeça que o ultimo motivo pelo qual eles tavam lá era o sexo. Que na verdade eles só queriam beber e conversar, até dar a hora de ir embora. E era tão duro ir embora... deixar a bolha que eles criaram só pra eles dois e voltar ao mundo das pessoas, das brigas em casa, do choro incontido, dos tapas na cara, das corridas sem fim até as pernas cansarem. Pouco antes do carro arrancar, a menina voltou o olhar do infinito (para onde ela olhava para disfarçar sua pouca idade) e depois de fitar rapido (mas o sufuciente) os olhos da mulher, pensou que talvez ela não fizesse parte do mundo das pessoas, para onde ela temeria voltar algumas horas mais tarde. Talvez ela também temesse voltar para lá.
Obviamente menor de idade, a menina solta a fumaça do cigarro desviando o olhar para o infinito, como se a mulher da entrada do motel tivesse muito preocupada com outra coisa além do relógio que marcava a hora de ir embora. Claro que a mulher não percebeu as olheiras fundas nos olhos da menina, nem o olhar triste do menino no carro junto com ela. Nem a garrafa de pinga barata embaixo do banco do carro. Era um acordo de cavalheiros: a mulher não liga para quem entra e quem entra não liga para o trabalho relapso da mulher. Relapso? Sim. Em todos os rostos a mesma expressão de "riso-nervoso-tesão-reprimido". E isso irrita, porque se ela chegar em casa com essa expressão, o cara (sim, digo o cara porque seria muito chamar aquele homem de marido) que parasita aqueles comodos vai perguntar se o dinheiro do trabalho tá pouco por isso ela resolveu virar prostituta. Enfim, ela não reconheceu essa expressão nos meninos de olheiras fundas e olhares tristes. Não sei se passou pela sua cabeça que o ultimo motivo pelo qual eles tavam lá era o sexo. Que na verdade eles só queriam beber e conversar, até dar a hora de ir embora. E era tão duro ir embora... deixar a bolha que eles criaram só pra eles dois e voltar ao mundo das pessoas, das brigas em casa, do choro incontido, dos tapas na cara, das corridas sem fim até as pernas cansarem. Pouco antes do carro arrancar, a menina voltou o olhar do infinito (para onde ela olhava para disfarçar sua pouca idade) e depois de fitar rapido (mas o sufuciente) os olhos da mulher, pensou que talvez ela não fizesse parte do mundo das pessoas, para onde ela temeria voltar algumas horas mais tarde. Talvez ela também temesse voltar para lá.
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