sábado, abril 18, 2009

ando com uma coisa assim que fica me incomodando e me cutucando e eu não sei o que exatamente essa dor de cabeça chata eterna que vem me acompanhando, e tem algumas coisas que me dão frio na barriga e que eu não sei explicar direito, aí eu resolvi inventar uma pessoa que não era eu na verdade, mas era, a diferença que é sempre mais legal viver na ficção do que na vida real, que daí a gente escolhe nossa roupa e o lugar onde a gente vive. então, aí meu alter-eu vive na idade média e é um forjador de bicos de penas, e meu nome é simone de au revoir, porque ela tá sempre indo embora.

e ela/ele (tenho problemas com identidade de gênero) é um forjador de idéias alheias, é quem dá a forma de algo que vai dar a forma de toda ficção que existe no reino (pq é obvio que ela vive num reino né, na idade média, um reino de muito longe, e quando ela está muito exausta ela toma sopa com leite e pão, e quando tá triste, ou tá feliz, toma vinho ou cerveja na taverna, numa caneca de madeira).

e mesmo criando milhões de tipos de penas, de todas as formas, preços e vontades, a que ele realmente gosta é uma bem vagabunda, de um cabo de madeira que fica no fundo da gaveta e ninguém nunca pega porque é muito velha, muito gasta, e é a que conta a história.

e é isso aí chega por hoje que a dor de cabeça só aumenta.

quarta-feira, abril 15, 2009

muito tempo se passou desde que parecia que eu tinha tempo sobrando, e eu ficava com raiva de ter alguma noite desperdiçada pelo trabalho. agora o comum é trabalhar, e ter uma noite de folga na vida e outra na morte, e não ter tempo de fazer nada, não ter tempo de ler, nem de escrever nem de ver meu seriado preferido.

acho que gosto de trabalhar, mas me consome.

o problema de trabalhar é conhecer as pessoas muito de perto. desencanta. quero conseguir manter meu trabalho longe e separado dos meus hobbies: como viver se desencantando com um hobbie? não consigo.

ando me sentindo meio assim, em dúvida. sempre qdo acontece alguma coisa, ou eu brigo com alguém, eu fico na dúvida, se eu que errei, se eu fiz algo errado, se eu simplesmente sou cabeça dura. aí eu não sei. tendo a pensar que sempre eu que errei, mas esse é um fardo grande pra se carregar. aí tento ponderar. mas sempre é difícil.

eu gosto do silêncio e da quietude as vezes. gosto daquelas coisas que só eu entendo.

esse post na verdade é sintomático que eu estou sentindo falta de tempo pra mim, estou ciumenta dos outros, porque eu tenho tempo pra todos eles, menos pra mim. não vou viajar esse feriado. vou ficar em são paulo, vou fazer meus exercícios de edição, vou escrever e vou ler.

oi paula, você pode me dar atenção um pouco?

engraçado que em geral as pessoas acham que a gente tá estranho quando a gente tá introspectivo. eu acho que estranho é nunca estar introspectivo.

quaneo eu tinha 15 anos minha mãe disse que eu precisava fazer terapia porque eu era muito introspectiva. e eu era mesmo. mas não acho que isso seja caso de terapia. acho que isso é um pouco de saber lidar consigo mesmo. eu lembro que qdo eu estudava em campinas eu passava os dias passeando sozinha pelo campus, ficava nas bibliotecas de outras faculdades (física era muito chato), fazia amizades aleatórias, ia em festas sozinhas e tinha uma mania de nunca ficar junto das pessoas que eu conhecia nas festas, eu sempre saia andando sozinha. na hora do almoço tocava músicas legais na rádio livre e eu ficava deitada na praça ouvindo, e esse era um momento que eu me guardava. eu me guardava vários momentos. algumas aulas de cálculo que eu tirava para escrever. ler na biblioteca da letras. foi de lá que eu peguei alguns livros ótimos que eu nunca tinha lido. e lá não dava pra procurar os livros no computador, era por fichas de papel mesmo, no duro. era tipo um universo paralelo. e aí um dia eu tava matando tempo com um amigo meu e a gente viu uma mariposa saindo do casulo. mas não podia ajudar né, que senão ela morre, ela tem que sair do casulo no tempo dela mesma, ser forte o suficiente pra isso. e aí a gente ficou a tarde inteira vendo ela sair lentamente.

(porque as lembranças são sempre mais românticas na nossa cabeça? lembro que nessa época que eu estudava em campinas eu claramente considerava a pior época da minha vida, e hj em dia eu lembro como uma lembrança gostosa até).

bom, como hoje é meu único dia de folga, já que amanhã tenho reunião novamente, vou fazer o resto que eu quero fazer: ler, escrever, dormir.