sempre a essa hora tem me dado uma coisa, tipo, um tremelique, uma vontade de comer alguma coisa que nunca vai me saciar, aí eu penso em beber mas também não quero, se me dessem cigarros eu fumaria, mas não é isso. não é isso. é aquela história de procurar as coisas nos lugares errados, mas eu to conseguindo manter em mente que se não é lá que eu vou achar, eu nem vou procurar.
o tempo me deu algo que é óbvio que só ele daria, mas que eu nunca tinha me dado conta: o distanciamento dos fatos. distante dos fatos, a gente pensa melhor. de cabeça fria, a gente compreende coisas que no calor do momento nunca seria possível.
e agora, o que fazer com tudo isso que eu tive, e não mais me pertence? estou tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser - se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele. (c.l. - paixão segundo gh)
e o que fazer com isso? escrever um livro, compor uma música, pintar um quadro, editar uma vinheta, passar pra frente, inventar um folclore, filosofia de vida, ou, simplesmente continuar, andar pra frente, mei sinuosa, as vezes desequilibrando e esbarrando pelos cantos, as vezes bêbada, as vezes sóbria, as vezes dando uma voltadinha pra trás pra depois tornar a ir pra frente. as vezes triste, mas na maioria das vezes feliz.
uma alegria difícil; mas chama-se alegria (c.l. de novo)
alguém me recomenda um livro bom de ler? será que já é a minha hora do cortazar?