[tô falante hoje]
para o bruno
estávamos conversando agora pouco sobre crises do papel em branco e as pessoas ligeiras dessa vida, enquanto ouviamos lou reed. enfim, chegamos a esse assunto ouvindo especificamente take a walk on the wild side. o jeito que o lou reed canta, sem pressa, de booouuua, o jeito de quem já aprontou muito nessa vida, já se fudeu pra caralho, agora tá ligado do esquema e não se fode mais tanto, e quando se fode está consciente disso. e esse tipo de gente se reconhece de cara, pelo olhar, pelo jeito de fumar um cigarro. eu tive essa mesma sensação com a cat power, quando teve show dela em sp ano passado. tipo, tava na cara dela, ela já fez tudo que tinha pra fazer, já sofreu, já chapou demais nessa vida, e agora sossegou, encontrou a felicidade nas coisinhas dela... e isso na hora me passou uma energia tão boa (era uma época difícil pra mim), do tipo, porra, porque eu to sofrendo com essas banalidades, o mundo é tão maior que isso, e eu aqui achando que já conheci o melhor e o pior dele, quando a verdade é que eu não sabia de nada ainda, eu nem mensurava quão grande poderia ser a felicidade ou a tristeza pra achar que eu sofria, ou achar que eu era feliz. e a cat power me passou essa impressão, de tipo, “paula, as coisas são muito maiores que vc pode imaginar. a vida é boa pra caralho”. e é mesmo, viu cat power. aí hoje em dia eu acho que já tô mais ligeira, olho a galera apressada se fudendo no rolê e rio de canto de boca. pq a gente só fiqua ligeiro depois que se fode bastante. e quem acha que sabe de tudo e que é mt esperto, é porque no mínimo nunca saiu da barra da saia da mãe e sabe tudo do mundo no raio de 50m do umbigo, nem sabe o que tem fora disso. é um pouco também da frase do amir klink ali em cima, sobre viajar. só depois que você viaja qu você entende que o mundo não é só isso, que o mundo é enorme, e chega humildemente para ver, ao invés de achar que sabe tudo e perde a oportunidade de absorver milhões de coisas novas.
então é isso gente. take a walk on the wild side (com a voz suave, no pé da orelha, bem malandra mesmo hahahah), que eu vou ficar aqui sentada tomando meu café e vendo a galera que ainda não tá ligeira se fuder no rolê (ok, me achei muito esperta agora, mas foda-se hahahaha acho mesmo.), porque uma coisa que agora eu tenho é paciencia.