[a ser trabalhado]
o fim do ano passado foi a época dos surtos, do desequilibrio. o tempo estava desequilibrado, estava frio e a chuva caia torrencialmente em pleno mês de novembro. as pessoas enlouqueciam e tomavam atitudes bizarras, machucavam suas famílias, amigos, amores, à si mesmo.
aí aos poucos as coisas foram se equilibrando. o sol resolveu brilhar de vez, como todo fim de ano que se preze. e nem choveu no reveillon. o tempo parou de mudar tanto assim, e hoje eu até acordei feliz com o ventinho fresco de manhã, acompanhando o sol.
mas nessa época de instabilidade, algo aconteceu com os corações. em algum lugar do mundo algo quebrou-se. foram tiradas as forças, as convicções, as certezas, e de repente, os corações não entendiam mais nada. não estavam acostumados a instabilidade. inchavam, murchavam, batiam, sofriam e não sabiam mais o que fazer. até que deram remédios, doparam os corações. junto com o tempo, que aos poucos se equilibrava, os corações também começaram a viver numa calma instituida. tinham medo de ficar instáveis de novo, portanto não se arriscavam. não batiam forte por mais ninguém. simplesmente batiam. simplesmente eram. estavam convalescentes, como se fossem pessoas que tivessem acabado de se curar de uma doença. pouco a pouco se levantavam e tentavam caminhar pelo jardim, pouco a pouco voltavam a sorrir das
banalidades do dia a dia.
é assim que eu me sinto hoje.